top of page

A história dos Rattus norvegicus como animais de estimação

 Ratos e humanos possuem uma interação social desde que os homens deixaram de ser caçadores nômades para se tornarem agricultores. Os humanos aprenderam a plantar e armazenar seu alimento ao passo que o rato percebeu que era muito mais fácil se alimentar dos alimento armazenados do que gastar grande parte de sua energia buscando alimentos, além de que as habitações humanas também ofereciam um abrigo bastante adequado e relativamente seguro.

 O Rattus norvegicus, também conhecido como rato marrom, rato da noruega, ou mesmo ratazana é o padrão de rato que acabou sendo domesticado e se transformando em nosso rato doméstico ou ratos de estimação. Com o surgimento da navegação entre continentes este animal, de provável origem chinesa, começou a colonizar inicialmente a Europa, principalmente a Inglaterra, no início do século XVIII. Após a sua chegada, o rato marrom, como voraz predador que é, expulsou rapidamente os ratos negros nativos. Por ser maior e mais adaptável, o rato marrom conseguiu prosperar muito melhor em ambientes que não eram adequados para os ratos pretos. Assim, a Inglaterra foi amplamente invadida por ratos.

 Esses primeiros ratos "de estimação" eram de cor agouti (cor selvagem); no entanto, como se reproduzem muito, mutações de cores são bastante comuns mesmo nos ratos de vida livre. Indivíduos de cores incomuns são encontrados frequentemente na natureza e, grande parte das vezes, quando esses animais são descobertos, são capturados e mantidos como curiosidades interessantes.

48324902_389289315171515_647784292621798

Rato agouti, de linhagem selvagem de nosso criatório

 Devido este bum populacional de ratazanas na Inglaterra, popularizou-se um esporte de sangue com cães e ratos, onde vários ratos eram capturados e soltos em uma arena com um cão. O cão que matasse mais ratos no  menor tempo era o vencedor. Conforme falamos anteriormente, mutações espontâneas são comuns em ratos, então, Jimmy Shaw que era dono deste tipo de estabelecimento, onde eram realizados os esportes de sangue, quando encontrava animais de cores e padrões diferentes os mantinha para serem vendidos como animais de estimação.

 A Inglaterra estava tomada com tantos tantos ratos selvagens, que fez-se necessário encontrar alguma forma de controle. Com isso surgiram os apanhadores de ratos. Um desses homens, chamado Jack Black (o apanhador de ratos da rainha), pode ser creditado como o criador dos primeiros ratos domésticos. No decorrer de seu trabalho, quando encontrava animais diferentes dos agoutis comuns, os guardava e os criava. Ele tinha em sua criação ratos albinos, pretos, castanhos, cinzentos e marcados que ele reproduzia e vendia como animais de estimação. Entre as décadas de 1840 e 1860, Jimmy Shaw e Jack Black venderam muitos animais e forneceram o pano de fundo de onde se originam nossos ratos domésticos atuais.

 No início do século XIX os camundongos coloridos começaram a se tornar populares no Reino Unido e em 1895, o National Mouse Club é fundado na Inglaterra. Eles estabelecem padrões para as diferentes variedades de camundongos e realizam shows. Foi por causa dessa organização que o hobby das ratazanas nasceu.

 Em 1901, Miss Mary Douglas, a "mãe dos ratos extravagantes", escreveu ao National Mouse Club (NMC) e perguntou se eles considerariam abrir suas portas para ratos. O NMC concordou, e as primeiras avaliações para ratos foram realizadas no outono de 1901. Em 1912, havia crescido tanto o interesse nas ratazanas que o nome do clube foi oficialmente alterado para o National Mouse and Rat Club.

 Durante esse período as teorias de Mendle sobre genética foram redescobertas pela comunidade científica. As ratazanas provaram ser excelentes modelos para usar em pesquisas. Eles não foram muito utilizados para estudar genética; no entanto, por serem pequenos, fáceis de instalar, baratos de manter e rápidos de reproduzir, tornaram-se favoritos para outros tipos de pesquisa.

Infelizmente, a popularidade das ratazanas começou a declinar após a morte de Miss Douglas em 1921. O interesse pelos "ratos extravagantes" sofreu um grande declínio nos anos seguintes e em 1929 o clube foi reorganizado, retirando a palavra rato de seu nome. O National Mouse Club existe até hoje.

 Em janeiro de 1976, é fundada a National Fancy Rat Society. Esta foi a primeira organização de “apenas ratos”. Foram estabelecidos padrões, publicaram boletins e realizom um shows. Desde 1976, o interesse por ratos cresceu enormemente e muitas novas variedades foram encontradas e padronizadas.

 Em 1983, foi criada a Amerecan Fancy Rat & Mouse Association (AFRMA). Então, os ratos foram importados da Inglaterra, para que os EUA e muitas outras cores e padronagens foram desenvolvidas. 

A história dos ratos de estimação no Brasil

 Em minhas pesquisas encontrei um texto super interessante chamado - O Rio de Janeiro e os ratos de ouro - e é muito importante esta parte da história constar nesta página, pois ela também faz parte da história dos ratos pet. É muito provável que alguns destes ratos tenham virado animais de estimação de algumas pessoas e tenham uma participação significativa em todos os animais que tínhamos aqui antes da importação. É sabido que antes da primeira importação, longevidade não era um problema para os ratos brasileiros, pois muitos relatos informam que eles chegavam a 4 ou até 5 anos de idade.

Segue abaixo o texto, o link para acessar a página original você encontra no título e no final da matéria.

 

O Rio de Janeiro e os ratos de ouro

 No início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro era a capital federal do Brasil. O governo republicano resolveu realizar uma reforma na cidade a partir de três frentes: a modernização do porto, a reforma urbana e o saneamento urbano. Além dessas reformas, foram efetivadas diversas campanhas contra as doenças que constantemente infectavam a população.

 Nesse texto, daremos ênfase ao combate das doenças na cidade do Rio de Janeiro, na primeira década do século XX (1901-1910). Mas, especificamente, analisaremos o combate ao agente transmissor da peste bubônica, a pulga dos ratos. Para combater a pulga dos ratos, era necessário combater os ratos. Assim, o governo do Rio de Janeiro, representado pelo Diretor-geral da saúde pública, o médico e sanitarista Oswaldo Cruz, realizou uma campanha de caça aos ratos.  Naquele contexto histórico, os ‘ratos valiam ouro’, pois, conforme a medicina do período, a principal forma de transmissão da peste bubônica (a Peste Negra da Idade Média) era a pulga presente nos ratos, que, em contato com os seres humanos, tornava-se o principal agente transmissor da doença.

 Em diferentes pontos da cidade do Rio de Janeiro, Oswaldo Cruz montou diversas brigadas mata-ratos e estipulou a meta de cada voluntário, ou morador da cidade, de eliminar cinco ratos por dia. O cidadão que conseguisse eliminar oito ratos receberia 300 réis do governo por cada animal acima da cota (assim, nesse exemplo, a pessoa faturaria do governo 900 réis pelos três ratos acima da cota).

As metas estipuladas por Oswaldo Cruz foram adaptadas de acordo com as diferentes realidades. As pessoas desempregadas, os boêmios e os malandros fizeram verdadeiros criatórios de ratos (principalmente os malandros, que se especializaram na procriação dos camundongos, que posteriormente eram vendidos para o governo).

 Dessa maneira, as medidas estipuladas por Oswaldo Cruz, que tinham como objetivo extinguir a população de ratos do Rio de Janeiro, quase acabaram proliferando mais ratos pela cidade, pois os ratos têm uma enorme capacidade de procriação.

A criação de ratos realizada pela população foi descoberta pelas autoridades públicas. Diversas pessoas foram presas, porém várias outras ganharam dinheiro com a venda de ratos. Dessa forma, percebemos fatos inusitados que compõem a história do Brasil. Como vimos, desde o início do século XX, a população brasileira precisava e ainda precisa de muita criatividade para sobreviver neste país.

Este texto é de autoria de Leandro Carvalho - Mestre em História e você pode encontrar o texto aqui

Considerações finais...

 

 Não se sabe muito da história da chegada dos ratos no Brasil, o que sabemos é que os primeiro ratos eram wistars e long evans que vieram por biotérios de faculdades e centros de pesquisas. Muitos destes animais foram resgatados e assim começaram a ser criados para alimentação de animais (serpentes e rapinantes) e também como animais de estimação. Pelo que sabemos, por criadores mais antigos como LC Ratos, grande parte das cores que temos foram aprimoradas a partir de cruzamentos de mutações agoutis de ratos selvagens com ratos de laboratório e alguns padrões só foram possíveis a partir de importação.

 Em outubro de 2014 chegam no Brasil, pelas mãos do Rattaria Brasil, os primeiros ratos importados, vindos de Portugal. Nesta importação vieram um total de 12 ratos nos padrões hairless, blue, rex, pearls e himalayan até então inexistentes no país. Em outubro do ano seguinte foi feita a segunda importação, desta vez dos EUA, um total de 40 animais, todos com orelha dumbo, nos padrões martens, essex, harley satin e comum, dwarf, chinchillas (este padrão já existia no Brasil antes da importação, visto que chinchilla é uma mutação do gene agouti), patchworks, wistar hannover (ratos de laboratório),  burmeses, siameses, variegated e silvermane, esta primeira importação marcou a chegada dos dumbos no Brasil. Algumas outras genéticas vieram embutidas por meio de portadores, como é o caso dos roans, camarex e dos whitesides e algumas delas só foram descobertas de verdade após a extinção deste criatório, como é o caso dos whitesides e camarex.

 

 Este criatório foi totalmente extinto em 2018 e infelizmente algumas destas genéticas foram totalmente perdidas pois não foram liberadas e muitas outras teriam se perdido se não fosse pelo esforço de alguns criadores brasileiros, sérios e focados em recuperar o máximo que conseguíssemos e dar andamento ao aprimoramento que não havia sido feito pelo criador que os trouxe.

 Nesta contribuição para o hobby de resgate destas genéticas não posso deixar de citar os seguintes criatórios Maratos, LC Ratos, Rattenhaus, Rattópolis, Uai Ratos (Straus) e claro Fanratics Rattery. Se não fosse pelos esforços destes criatórios e seus apoiadores não teríamos mais no Brasil mais martens, burmeses, dwarves, camarex, whitesides, pearls e essex.

 Infelizmente não temos nenhuma associação ou clube de ratos ou roedores no Brasil, pois a burocracia dificulta bastante as coisas para nós. Ter uma associação não depende apenas de boa vontade, depende de esforço coletivo, muito estudo prático e teórico, trabalho e principalmente dinheiro.

A ascensão dos ratos como animais de estimação

 Nos últimos quatro anos venho observando um grande aumento no interesse de ratos como animais de estimação. Em parte, temos a popularidade da manutenção de répteis (que a pouco foram legalizados no Brasil), muitas pessoas compram roedores para alimentar seus répteis e acabam descobrindo que os ratos são excelentes animais de estimação. E também temos o fato de que as pessoas têm cada vez menos tempo, dinheiro e espaço para os animais domésticos, por isso acabam recorrendo aos Pocket Pets como uma alternativa para se ter um animalzinho. 

 

 Os ratos estão mais populares do que nunca, basta observarmos nossos encontros que juntam mais de 150 pessoas, apaixonadas por ratos, vindas de várias cidades e Estados para conversar e conhecer mais pessoas interessadas nestes seres incríveis.

 Podemos esperar que essa tendência continue no futuro.

© 2019 por Renata Pagliarini - Fanratics Rattery. 

  • Facebook Social Icon
  • Instagram
bottom of page